A partir deste introito, a idéia é dar sequência a
uma série de reflexões acerca dos crescentes conflitos sociais que enfrentamos
no Brasil, mas que começam a assolar os grandes centros urbanos de todo o
planeta, dos quais um dos mais marcantes de nossa história mais recente foi o
da Inglaterra em 2011, que ficou conhecido nas manchetes por todo mundo como “The
London Riots”, mas que na verdade se estendeu a várias outras cidades inglesas em
vez de permanecer restrita apenas a Londres, como sugere o título.
A escolha do “London Riots” para embasar este início
de conversa não vai além de uma referência para, através de seu exemplo,
podermos entender tanto o nosso momento nacional quanto seus desdobramentos
futuros, além, é claro – e principalmente – as razões que levam essas pessoas a
adotar meios extremos que nem sempre são assimilados pela parte da população
que não vive suas realidades e, porque não dizê-lo, na maioria das vezes nem se
detém a conhece-las para, minimamente, entender-lhes as motivações. Daí porque
elas, enquanto realidades segregadas e desconhecidas da maioria, persistem e se
agravam sem que os de um lado consigam visualizar alguma solução em vez de
meros e indisfarçáveis paliativos, e os do outro lado continuem tocando suas
vidas como se não fosse nada que lhes dissesse respeito até que, como agora, começam
a incomodar mais do que de costume!
Quem me lê poderá se perguntar o que isso tem a ver
com o momento político que enfrentamos atualmente no Brasil, notadamente – e com
ainda mais ênfase – aqui no Rio de Janeiro, com a explosão da violência que já
atinge níveis alarmantes, de como não se tem relatos nem em momentos de crises
anteriores fora daqueles períodos oficialmente considerados como de “anormalidade
política” ou em “regime de exceção”, como o experimentado na Venezuela neste
ano de 2017.
Tendo em mente que o veículo utilizado para esta
discussão é um blog com foco em cidadania, e não uma instituição voltada para
estudos sobre o assunto, a proposta não é a de apresentar dados oficiais nem
análises científicas sobre os aspectos abordados, tanto para não tornar a
leitura enfadonha a interessados leigos quanto porque também expressa a visão
de um observador leigo que não tem como objetivo posicionar-se como
especialista em sociologia ou dar ao texto qualquer conotação de estudo
político, discurso ideológico ou ensaio antropológico. Como dito no início, o
sentido maior é o de promover reflexão sobre um fenômeno social que começa a
fugir ao controle dos poderes constituídos e que, ao longo dos últimos 50 anos em
que acompanho parte dessa história, ainda não a havia percebido com semelhante
grau de intensidade, e nem com tal sentimento de insegurança quanto ao que
ainda está por vir, como nestes tempos em que a vivenciamos.
Como qualquer reflexão, o que se pretende é que as
visões aqui expostas não passem nem perto dos tradicionais alarmismos comuns
aos desvairados “coments” das redes
sociais, mas que suscitem discussões que
se prestem a, pelo menos, iniciar debates cada vez mais aprofundados sobre esse
fenômeno, e que como consequência deles
possamos, de alguma forma, fazer chegar nossas visões a quem de direito, sejam
movimentos que detenham influência o bastante para cobrar respostas, seja por uma
atuação mais ativa da mídia para sair do papel de mero relator ou manipulador dos
fatos para o de real agente e voz da população acuada, como também para se
começar a exercer uma pressão mais incisiva sobre os poderes que precisam
buscar estratégias efetivas para reverter uma situação já claramente fora de
seu controle.
Sabe-se que grandes tragédias sociais vêm
acontecendo diuturnamente e se estendendo por tempo demais, sem que em relação
a elas seja sequer acenado com uma data para término pelos poderes constituídos,
como é o caso absurdo do atraso do pagamento dos servidores públicos tanto
ativos quanto inativos do estado do Rio de Janeiro. Ainda que não se manterá as
discussões circunscritas apenas a essa questão, desconheço qualquer registro
histórico de que algo do tipo já tenha ocorrido antes, o que já seria motivo
para impugnar-se qualquer governo ou, no mínimo, exigir-se dele a imediata
solução para uma iniquidade à qual se está dando tratamento de doença crônica,
em vez de emergencial, tal o estado de indiferença oficial e conveniente
cegueira institucional a que se chegou num país que apregoa estar-se vivenciando uma “democracia plena”. Milhões de
trabalhadores sobrevivendo à mingua, atingidos no que há de mais profundo em
sua dignidade e direito à proteção mínima pelo estado, e seus representantes
agem como se tudo não passasse de uma “contingência” que se precisa enfrentar
mas que, por enquanto, não há nenhuma solução em prazo visível. “Como assim!?” poder-se-ia perguntar, com
os olhos fixos nos olhares compadecidos e “solidários” desses governantes, a
maior parte envolvida em grandes escândalos de ataques bilionários aos cofres
púbicos: “Isso é tudo o que vocês tem a
dizer a respeito?”...
Na continuidade desta reflexão, e ao longo de seus
diferentes aspectos, vamos mexer em algumas dessas feridas que a cada dia vêm
se agravando para um câncer que, após alcançar o estágio de metástase, irá
atingir impiedosamente todas as células desse nosso já doente organismo social,
independente de em qual deles você se situe. A sugestão é que comecemos pela
leitura desta nossa referência na sociedade britânica, de forma a que possamos
todos ser inseridos no assunto com um maior – e comum – entendimento do assunto
sobre o qual estamos falando. Dispensável dizer que todos os comentários, sugestões,
críticas e opiniões a favor ou contra serão muito bem-vindos!
Para concluir esta introdução resta dizer que,
independente do caráter dos textos apresentados nos links e referências que
utilizaremos, o objetivo de mostra-los não será o de levantar bandeiras de
apoio ou utilizá-los à guisa de denúncias, mas tão somente subsidiar os
assuntos que serão abordados ao longo da série de textos.
Abaixo os primeiros links selecionados que poderão
embasar nossos próximos argumentos.
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