O país assiste os 200 anos de sua Independência transformado em comício
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Os eventos do
bicentenário da Independência neste 7 de Setembro foram marcados por atos em
tom de campanha protagonizados por Jair Bolsonaro (PL), que tenta a reeleição;
manifestações de apoiadores do presidente, que empunharam faixas com dizeres
antidemocráticos; e um desfile militar comemorativo na Esplanada dos
Ministérios com participação dos presidentes de Portugal, Cabo Verde e
Guiné-Bissau.
Em suas duas
aparições públicas após o ato oficial – a primeira, de manhã, em Brasília, e a
segunda, à tarde, no Rio –, Bolsonaro usou a data para promover comícios diante
de milhares de pessoas e fez discursos nos quais:
- pediu votos na
eleição de outubro, durante pronunciamento na capital federal, falou que o
Brasil trava uma luta "do bem contra o mal" e defendeu pautas
conservadoras;
- atacou o
ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), seu principal adversário na
disputa pelo Planalto e líder nas pesquisas, a quem chamou de
"ladrão";
- sugeriu uma
comparação entre primeiras-damas e referiu-se à mulher, Michelle Bolsonaro,
como "mulher de Deus, família e ativa em minha vida";
- também ao lado de
Michelle, puxou coro de "imbrochável" e sugeriu que homens solteiros
"procurem uma princesa";
- sem citar nenhum
caso específico, afirmou que, caso reeleito, levará para "dentro" das
quatro linhas da Constituição "todos aqueles que ousam ficar fora delas";
- misturou campanha
eleitoral com exibições militares, em Copacabana, aonde chegou à tarde após ter
participado de um passeio de moto no Rio;
- ainda no Rio, falou
que o Estado é laico e declarou-se cristão e criticou quem é de esquerda;
- argumentou que seu governo
teve de lidar com a pandemia de Covid-19 ("lamentamos as mortes, veio
aquela errada política do 'fique em casa'") e os reflexos da guerra entre
Rússia e Ucrânia;
- e destacou
programas do governo, como o Auxílio Brasil, citando também a recente redução
do preço dos combustíveis.
Na cerimônia oficial,
que ocorreu no início da manhã na Esplanada, o presidente assistiu ao desfile
acompanhado por militares e por Luciano Hang, um dos empresários bolsonaristas
que, no final de agosto, foram alvo de mandados de busca e apreensão por
compartilharem mensagens golpistas em um grupo de WhatsApp. Ao lado de
Bolsonaro, estava ainda o pastor Silas Malafaia, que à tarde participou do ato
em Copacabana.
Mesmo convidados,
estiveram ausentes do desfile na capital federal os presidentes do Senado
Federal, Rodrigo Pacheco (PSD-MG); da Câmara dos Deputados, Arthur Lira
(PL-AL); e do STF, Luiz Fux.
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1 Comentários:
Não há jurista que possa defender o não cometimento de crimes graves contra a Justiça Eleitoral pelo presidente da República que afastaria do pleito qualquer candidato, não fosse ele o mandatário da nação. No entanto, a suspensão de sua candidatura – apesar do incontestável atentado contra as leis eleitorais – não se dará, obviamente, para não deflagrar uma crise política com potencial para impedir a realização das eleições. Uma questão de prudência, maturidade e bom-senso, portanto, mas que não invalida a penalização que se espera aplicável no momento certo. Mais um ato a ser acrescentado às outras centenas de insanidades pelo qual Bolsonaro terá que responder criminalmente tão logo deixe o Planalto.
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