quinta-feira, 8 de setembro de 2022

O país assiste os 200 anos de sua Independência transformado em comício

 


Por conta das insanidades de um presidente machista e infantilizado,

7 de Setembro vira comício de Bolsonaro com militares, coro machista e pedido de votos

 

Os eventos do bicentenário da Independência neste 7 de Setembro foram marcados por atos em tom de campanha protagonizados por Jair Bolsonaro (PL), que tenta a reeleição; manifestações de apoiadores do presidente, que empunharam faixas com dizeres antidemocráticos; e um desfile militar comemorativo na Esplanada dos Ministérios com participação dos presidentes de Portugal, Cabo Verde e Guiné-Bissau. 

Em suas duas aparições públicas após o ato oficial – a primeira, de manhã, em Brasília, e a segunda, à tarde, no Rio –, Bolsonaro usou a data para promover comícios diante de milhares de pessoas e fez discursos nos quais:

 

- pediu votos na eleição de outubro, durante pronunciamento na capital federal, falou que o Brasil trava uma luta "do bem contra o mal" e defendeu pautas conservadoras;

- atacou o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), seu principal adversário na disputa pelo Planalto e líder nas pesquisas, a quem chamou de "ladrão";

- sugeriu uma comparação entre primeiras-damas e referiu-se à mulher, Michelle Bolsonaro, como "mulher de Deus, família e ativa em minha vida";

- também ao lado de Michelle, puxou coro de "imbrochável" e sugeriu que homens solteiros "procurem uma princesa";

- sem citar nenhum caso específico, afirmou que, caso reeleito, levará para "dentro" das quatro linhas da Constituição "todos aqueles que ousam ficar fora delas";

- misturou campanha eleitoral com exibições militares, em Copacabana, aonde chegou à tarde após ter participado de um passeio de moto no Rio;

- ainda no Rio, falou que o Estado é laico e declarou-se cristão e criticou quem é de esquerda;

- argumentou que seu governo teve de lidar com a pandemia de Covid-19 ("lamentamos as mortes, veio aquela errada política do 'fique em casa'") e os reflexos da guerra entre Rússia e Ucrânia;

- e destacou programas do governo, como o Auxílio Brasil, citando também a recente redução do preço dos combustíveis.

 

Na cerimônia oficial, que ocorreu no início da manhã na Esplanada, o presidente assistiu ao desfile acompanhado por militares e por Luciano Hang, um dos empresários bolsonaristas que, no final de agosto, foram alvo de mandados de busca e apreensão por compartilharem mensagens golpistas em um grupo de WhatsApp. Ao lado de Bolsonaro, estava ainda o pastor Silas Malafaia, que à tarde participou do ato em Copacabana. 

Mesmo convidados, estiveram ausentes do desfile na capital federal os presidentes do Senado Federal, Rodrigo Pacheco (PSD-MG); da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PL-AL); e do STF, Luiz Fux. 

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1 Comentários:

Às 8 de setembro de 2022 às 08:28 , Blogger Luiz R. Bodstein disse...

Não há jurista que possa defender o não cometimento de crimes graves contra a Justiça Eleitoral pelo presidente da República que afastaria do pleito qualquer candidato, não fosse ele o mandatário da nação. No entanto, a suspensão de sua candidatura – apesar do incontestável atentado contra as leis eleitorais – não se dará, obviamente, para não deflagrar uma crise política com potencial para impedir a realização das eleições. Uma questão de prudência, maturidade e bom-senso, portanto, mas que não invalida a penalização que se espera aplicável no momento certo. Mais um ato a ser acrescentado às outras centenas de insanidades pelo qual Bolsonaro terá que responder criminalmente tão logo deixe o Planalto.

 

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