segunda-feira, 30 de janeiro de 2023

BOLSONARO E OS POVOS INDÍGENAS

 








Clique para ler:  Os renegados dos direitos humanos


domingo, 1 de janeiro de 2023

Feliz Brasil novo

 









Não sei se você tem a mesma sensação, mas há certos momentos na vida que podemos chamar de "dias de esperança".  Pode ser o primeiro dia em um trabalho que desejamos muito. Pode ser o dia em que você foi aprovado no vestibular ou quando soube que um tratamento de saúde de um familiar deu certo.


Há dias de esperança que são coletivos, nos atingem como sociedade ou cidadãos. Acredito que há algumas semanas, nós torcedores e apaixonados por futebol vivemos um dia de esperança quando a seleção brasileira goleou a Coréia do Sul. Por um momento, o Caneco parecia mais próximo. 

Muitos brasileiros viveram um dia de esperança quando votaram em 1989 para presidente pela primeira vez, depois de o país sofrer sob o jugo de uma ditadura militar que durou 21 anos, ou quando viram promulgada a Constituição do ano anterior.

Dias de esperança são dias em que pensamos no futuro e conseguimos imaginar coisas grandiosas acontecendo. Esses dias têm um gostinho bem particular, você há de se lembrar dele. Acredito que hoje seja um dia de esperança. Escrevo para dividir essa sensação com você e os leitores mais fiéis do Intercept

A essa altura, você deve estar imaginando que falo da posse do novo presidente. Claro que a posse é um acontecimento importante, sobretudo depois do golpismo escancarado que enfrentamos nos últimos tempos. Mas estou falando de outra coisa. Parece-me que hoje é, acima de tudo, um dia de esperança por conta daqueles que estão saindo! 

Não há, francamente, como não sentir esperança ao imaginar que, a partir deste domingo, figuras deploráveis como Augusto Heleno ou Walter Braga Netto (recuso-me a chamá-los de general) não terão mais entrada franca no Palácio do Planalto. Imagine que amanhã é a primeira segunda-feira em quatro anos sem "cercadinho" na frente da Alvorada e que os responsáveis pelo atraso na compra da vacina acabam de perder o foro privilegiado. Aliás, é a primeira vez em 30 anos que um certo ex-capitão não terá foro privilegiado. Vai dizer que isso não traz esperança?

Não me refiro a uma esperança vazia, como se acreditasse que, ao despertar amanhã, tudo estará magicamente diferente. Não estará. Eu sei. Mas é justamente daí que vem a esperança: não é que tenhamos superado o bolsonarismo e toda a destruição que ele causou. (Ah, se fosse isso! Seria dia de alegria inaudita!!) Mas, a partir de hoje, cresce a possibilidade de percorrermos esse caminho. Com Bolsonaro e seus generais fora do Planalto e da Esplanada, o jogo muda. 

Muda porque será possível dimensionar o estrago feito na PF e na PRF. Porque a Procuradoria Geral da República deixará de ser uma barreira de proteção para golpistas. Heleno perderá o controle da Abin, Bolsonaro não indicará mais nenhum minúsculo para tribunais superiores, e órgãos como Ibama e Funai poderão voltar a cumprir suas funções — e não mais servir de apoio a grileiros, mineradoras, madeireiros. Muda porque vem aí o Revogação dos decretos que ampliaram de maneira descontrolada o armamento civil e porque cairão os sigilos que os protegem há quatro anos. 

É ou não é um dia de esperança?

Agora, é preciso pé no chão. Nada, absolutamente nada disso vai adiantar se não tivermos uma enorme pressão da sociedade para que aqueles que mataram, destruíram, corromperam, desmataram e articularam um golpe sejam responsabilizados por seus atos.